27 de dez. de 2020

Desejos para 2021


 

Para 2021, eu desejo:

Menos ansiedade, mais expectativa 

Menos metas, mais ações 

Menos planos, mais surpresas

Menos preocupação, mais oração 

Menos acúmulo, mais generosidade

Menos drama, mais riso

Menos solidão, mais companhia

Menos adeus, mais reencontro 

Menos reclamação, mais gratidão

Menos medo, mais confiança

Menos desespero, mais esperança

Menos notícia, mais poesia 

Menos silêncio, mais música

Menos indiferença, mais amor

Menos eu, mais o outro.


9 de set. de 2020

Portas


No caminho da vida, encontrei portas.

Algumas abertas, escancaradas, braços estendidos convidando para chegar do outro lado.

Ah, já sabendo o que encontrar, como é fácil atravessar.

Mas quantas outras portas encontrei fechadas.

Com medo, paralisei.

O que haverá do outro lado?

Segredos que valem ser revelados?

Um lindo jardim ou um deserto?

Um reino encantado ou um lugar atribulado?

Mas ficar paralisada não é opção para quem deseja continuar.

Com coragem, é preciso abrir a porta.

E descobri que às vezes a chave está ali mesmo, por perto. Como Alice, só devo estar atenta.

Outras vezes, a porta está apenas encostada. Como Lucy, só devo estar curiosa para descobrir.

Algumas vezes, a porta está emperrada. Com um pouco de força e criatividade, poderei abri-la.

Mas há vezes que por mais que tente, sei que não conseguirei.

E nessa falta de força, a ponto de desistir, aprendi que preciso apenas bater.

Alguém tão gentil e com um sorriso aberto, terá todo o prazer de abri-la para mim.

E percebi que o que há do outro lado já não importa tanto assim.

O que faz sentido mesmo, de atravessar qualquer porta, é Ele, com suas mãos marcadas a segurar as minhas, para seguirmos juntos, na caminhada da vida.

10 de mai. de 2020

Mãe: o amor que está sempre perto




Seja no ventre ou no coração, tudo começou ali, dentro dela - envolto em um grande mistério, rodeado de dúvidas e expectativas.

Os dias pareceram poucos para tantos preparativos e cuidados. E pareceram muitos, para aguentar tanta saudade de quem ainda nem se conhecia. E quando chegou o tão esperado momento do encontro, do olho no olho, o tempo fez sentido. Como milagre, a vida transbordou e se fundiu em outra, de forma profunda e para sempre. Como presente divino, o amor que sentiu já era imensurável e indescritível.

Ali, mesmo sem nem saber por onde começar, ela se viu pronta. Se viu desajeitada, às vezes, até apavorada, mas descobriu dentro de si paciência, persistência e a maior vontade de acertar.

Suas mãos se tornaram ágeis, seus ouvidos atentos, seu sono leve. Suas palavras se tornaram cantigas de ninar e seu colo se tornou quente, um lugar seguro para estar.

Suas preocupações dobraram, ah, como dobraram, mas suas orações a Deus nunca se tornaram tão confiantes. Seus medos aumentaram, mas nunca se provou tão forte e corajosa.

E assim, sem nem saber quando e como aconteceu, ela se viu Mãe. E ao se ver mãe, ela compreendeu a beleza do amor que carrega: um amor que sempre estará junto, pertinho de cada filho, mesmo quando não puder estar.

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Em 2020, o Dia das Mães será diferente.

Milhares de famílias não poderão se reunir fisicamente para comemorarem esse dia – mas como o amor de mãe, encontrarão formas de estarem juntas, mesmo que virtualmente.

Outras milhares de famílias estarão com o coração carregado de angústia, tristeza ou luto. Em oração, desejo consolo e conforto para cada uma.

Deus as abençoe!

Na esperança de dias melhores,

Alessandra Correa

(*texto meu publicado no Portal APROFEM)

10 de abr. de 2020

Uma Grande Notícia


Por todo o mundo, as notícias são de morte. A cada instante, os números crescem. Por trás de cada número, uma pessoa. Uma pessoa com nome, sonhos e tanto desejo de viver. E a cada vida que se vai, uma família que fica. Que fica com a saudade, com o choro, com o quarto vazio, o lugar na mesa vazio. E a cada vida que se vai, um amigo que fica. Fica com o coração doído, com a risada guardada, a história na ponta da língua (e agora, pra quem irá contar?).
Desde o início do mundo é assim. A morte separa, faz chorar, faz doer. Ela avisa que vai chegar, mas ninguém a espera. E quando chega é surpresa, não dá tempo pra despedidas, “mas ontem eu falei com ele, estava tão bem...”. A morte vem pra todos, não poupa ninguém. Não se importa com a idade, com o dinheiro, não pergunta se já realizou os sonhos que queria, se já se apaixonou, se há alguém com quem se reconciliar. Ela apenas vem. Arranja uma desculpa e vem. Foi um acidente, foi um câncer, foi a guerra, foi o novo vírus, foi mal súbito, foi de repente.
Mas não era para ser assim! Quando tudo começou o sopro era de Vida. Apenas Vida! Mas o pecado entrou em cena e com ele a morte... mas não para sempre.
Porque houve um tempo, que o próprio Deus veio ao mundo. Nasceu como menino chorão, dobrinhas no joelho, cheirinho, olhos curiosos, mãozinhas espertas. O menino, chamado Jesus, cresceu, se provou Mestre. Ensinou, inspirou, confrontou. Fez amigos, brincou com o vento, com as impossibilidades, com as crianças. E aqui também experimentou a dor. A traição. A Cruz. E nela, se viu desamparado. Viu a Mãe e o amigo chorando. Fez perguntas. Na mesma Cruz, perdoou. Pronunciou palavras de esperança. De consolo. E naquela sexta-feira, entregou ao Pai seu espírito e morreu. O motivo? Amor. O Maior Amor do Mundo.
Mas a morte ficou inquieta. Andando de um lado para outro, sabia que algo poderoso estava para acontecer. Que dessa vez a vitória seria de outro. Domingo chegou, e não teve para onde fugir. O túmulo ficou vazio. A morte foi vencida, Jesus Ressuscitou!
Para todo o mundo, que Grande Notícia!
A morte não tem a palavra final. Há vida prometida. Há esperança. Na morte, há encontro - com o próprio Autor da Vida!
Diz um ditado por aí que para tudo se dá um jeito, menos para a morte. Pois olha só, até pra morte há um jeito - e esse jeito é uma Pessoa, é Jesus!
“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca irá morrer. Crês tu isto?” - João 11.25-26
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” - João 3.16

1 de abr. de 2020

Uma oração que se estende


Ah, a oração.
Esse tempo precioso de conversar, de clamar, de ouvir, de se aquietar. De estar junto de quem se ama, mesmo distante.
De estar seguro, em meio ao caos.
De se ver amado, em meio a dor.
De sentir a Eterna Presença, mesmo em meio ao isolamento.

Neste tempo, na oração há tanta gratidão!
Pelos milhares que já foram curados,
Por todos que estão mobilizados,
Tantos envolvidos para que os doentes recebam cuidado,
Pelos governantes que estão agindo, muito já foi realizado, hospitais de campanha já levantados,
Por aqueles (inclusive empresas) que estão indo de encontro aos mais necessitados,
Por aqueles que de dia e noite têm estudado, buscando encontrar uma vacina, melhores resultados.

Neste tempo, nasce sim uma nova oração.
Percebo que as ansiedades lançadas sobre Ele mudaram.
Que as preocupações que ocupavam a mente se provaram pequenas.
Que os motivos das orações se tornaram outros.


A oração se estendeu.
Foi além de mim e dos meus.
Se tornou num grande abraço,
Que tenta alcançar cada um, a todos,
Num ato simples (e tão poderoso) de amor.

Nesta oração,
Peço pelas autoridades, que tenham discernimento para que tomem as melhores medidas de prevenção e socorro. Que haja competência, entendimento entre todos, sempre em vista do que é melhor para aqueles a quem representam: o povo.

Peço pelos médicos, enfermeiros e todos os profissionais da área da saúde. Eles precisam estar bem (fisicamente, mentalmente e emocionalmente), para que possam continuar cumprindo essa missão tão bela, que é a de cuidar do outro. Que haja sabedoria, energia, força. Que eles tenham os recursos, equipamentos e tudo o que for necessário para cumprirem com suas funções. Que eles possam sentir paz e confiar que os seus, em casa e longe, também estão sendo cuidados por Deus.

Peço por todos os envolvidos na pesquisa e estudo da doença. Que as suas forças sejam renovadas, que suas mentes sejam esclarecidas.

Peço por todos aqueles que estão infectados, muitos em estado grave nos hospitais. Que possam receber dignamente o tratamento de que precisam. Que eles tenham esperança de serem curados. Que suas famílias, angustiadas por não poderem estar junto, tenham a paz de saber que Deus está lá na UTI com seu ente querido. Peço, também, por aqueles que são acometidos por outras doenças, e correm mais riscos em meio à pandemia. Peço por todo o sistema de saúde, que não haja colapso. 

Peço por todos os que estão são no corpo, mas aflitos no espírito. Que o coração seja protegido contra toda ansiedade, medo e desespero. Que olhem para além dos dados e previsões humanas. Que tenham fé, esperança e confiança em Deus, a quem pertence cada vida. Peço por aqueles que sofrem transtornos de ansiedade, pânico, depressão - em momentos como esse, as crises tendem a intensificar. Que possam receber a ajuda e cuidado que necessitam.

Peço pelas pessoas que estão sofrendo de ausência - uma dor do coração. Que não podem estar junto fisicamente de seus familiares e amigos. Peço pelas famílias que não tem se sentado à mesa nos almoços de domingo, avós que não tem abraçado seus netos, namorados apaixonados que não tem se encontrado, amigos que não tem se reunido, cristãos que não tem participado da comunhão juntos. Que eles possam encontrar na tecnologia um alento pra saudade. Que possam se animar mutuamente e cuidar um do outro à distância. Que possam ter fé de que logo tudo isso passará e haverá ainda muito mais motivos para celebrar a vida. Peço por aqueles que precisam continuar indo e vindo. 

Peço pelas crianças que em sua inocência tem agradecido a Deus por terem mais tempo com a mamãe e o papai. Que os traumas desse tempo sejam curados. Peço pelos mais velhos, geralmente teimosos, que não aceitam bem as restrições. Peço por aqueles mais velhos que não tem ninguém para olhar por eles. 

Peço pelas gestantes. Uma gravidez já tem uma carga natural de ansiedade e cuidados. Então, posso imaginar a carga de emoções que estão vivenciando no momento. Que as futuras mamães e papais possam ver o cuidado especial de Deus com essa pessoinha que ainda está no ventre. Que possam se alegrar pelo dom de gestar uma vida, mesmo em meio a um cenário de incertezas.

Peço pelas pessoas que em casa não estão protegidas. São muitos os casos de violência doméstica, abuso infantil, brigas e guerras dentro de um ambiente que deveria ser de segurança. Peço misericórdia e livramento para cada uma delas.  

Peço pelos mais vulneráveis. Pessoas que estão nas ruas, que estão vivendo em situações desumanas, de fome, miséria, que já viviam em isolamento social. Peço pelas famílias que já viviam com tão pouco, famílias que já viviam sem acesso a uma água com sabão. Sabemos que um caos na situação econômica do país irá afetá-los ainda mais. Peço que eles recebam socorro, olhar atento e cuidado. Do governo e políticas públicas? Sim. Mas também sei que a resposta dessa oração somos nós mesmos, aqueles que têm mais condições e podem sim ajudar. Peço pelas muitas instituições sérias envolvidas, que estão se movimentando ainda mais neste momento. Que onde houver necessidade, haja solidariedade. Que minha oração também seja a da disposição, envolvimento e ação.

Peço por todos que já estão sendo impactados financeiramente, e ainda serão. Sei que é um ciclo complexo nossa economia, onde todas as partes estão entrelaçadas. Mas também sei como os interesses pessoais se sobrepõem, como há egoísmo no coração dos homens, ganância por cada vez mais. Peço que haja discernimento e inteligência, que haja criatividade para buscar soluções, que haja trabalho mútuo, que haja solidariedade. E nessa busca por soluções, a vida (mesmo uma única vida) sempre seja prezada como o que há de mais importante. 

Peço por todos nós. Que possamos ver atos bondade, atos de humanidade, atos de esperança. Que sejamos nós os agentes desses atos.

Que seja um tempo de aprendizado e crescimento. Que seja um tempo para entendermos o que tanto precisa ser mudado aqui dentro de nós, um tempo para resgatar valores. Um tempo para desacelerar. Um tempo para realinhar nosso caminho.

Que seja um tempo para reconciliação com Deus. Um tempo para conhecê-lo, buscar sua vontade, viver seu amor e encontrar o que há de mais valioso neste mundo (e no outro): Ele mesmo!

Neste tempo, de fato, a oração mudou (e ficou mais longa).
Mas o Deus a quem oro é o mesmo - ontem, hoje e eternamente. E confiante nEle, em sua Sabedoria, Soberania e Amor,
Digo AMÉM.

12 de fev. de 2020

O vento, as folhas e a árvore


O vento sopra.
Há dias que é brisa refrescante.
Mas há dias que é um verdadeiro vendaval.
E as folhas não resistem.
Elas são levadas com o vento, sem piedade.
Uma a uma, elas se soltam.
E há dias que parece que não sobrará nenhuma.
Mas mesmo quando as folhas se vão, a árvore fica.
Ela pode até pensar que irá se partir.
Ela pode até se inclinar.
Mas ela é forte. Ela é resistente. Ela permanece.

E assim é a vida.
As aflições nos sacodem.
As decepções nos agridem.
As dúvidas e os medos sopram sobre nós.
É o cruel vento da diversidade tentando levar embora nossas folhas de esperança, de tranquilidade, de amor, de alegria.
E há dias que ele consegue.
Ficamos como árvores secas. Sem graça. Sem cor.
Mas ainda assim, por mais fracos e desesperançados que estejamos,
É possível resistir. Permanecer.
Porque esse é o tempo do crescimento.
Da mudança.
Da transformação.
Esse é o tempo de confiar no Criador,
Sabendo que por mais forte e agressivo que seja o vento, as raízes estão firmadas nEle.
E Ele é mais forte. Seu amor é o mais resistente.
Esse é o tempo da fé.

Veja! O vento aquietou.
Novas folhas estão surgindo.
E junto com elas, frutos.
E as mais belas e coloridas flores.

2 de jan. de 2020

Sobre o que desejamos. Sobre o que fazemos.




Nas festividades (Natal, Ano Novo, Aniversário) temos o costume de desejar às pessoas amor, paz, alegria...
E de fato, são desejos nobres!
Mas... e quanto ao que cabe a nós? O quanto realmente estamos dispostos a amar o outro, a promover a paz, a trazer alegria e compartilhar da alegria do outro (sem competição nem inveja)?!?
Imagina só como seria se sempre que eu desejar algo bom à alguém, eu me disponha a ser ferramenta pra que esse bem ocorra na vida do outro!
Se eu desejo amor, mas nunca estou lá pelo outro, não faz sentido!
Se eu desejo paz, mas nunca estou pronta a perdoar e reconciliar, não faz sentido!
Se eu desejo alegria, mas sempre estou emburrada, de mau humor, não faz sentido!
Que Deus me ajude a dispor ao outro em amor, paz e alegria. Aí fará sentido!