30 de dez. de 2013

Hoje tudo dói




Hoje tudo dói.
 

As pernas doem.
Talvez seja porque eu não tenha me alongado direito antes de patinar.

O estômago dói.
Talvez seja a gastrite. Ou, quem sabe, a ansiedade.

Pensar nos meus sonhos dói.
Deve ser pelo medo deles não se realizarem. 

Ter mais dúvidas do quer certezas dói.
É bem provável que seja culpa desse mundo das possibilidades que tantas vezes se mostrou cruel para mim.

Sentir essa saudade imensa de quem já se foi dói.  Dói como se me faltasse o ar.
Talvez seja porque eu não tenha dito, enquanto era tempo, o quanto me importava.

Sentir que não sentem saudade de mim dói também.
Talvez seja porque isso me pareça um sinal claro de que ninguém se importa mais (ou, talvez, nunca tenha se importado).

Querer estar em outro lugar dói.
Estranho, isso não deveria doer. Será que é porque lá no fundo eu saiba que ainda assim eu não teria sua companhia?

Não saber se você fez as pazes com seu pai ou se conseguiu aquela nota que precisava, dói.
Deve ser porque, apesar de toda a dor que me causou, ainda me preocupo com você.

Errar dói. Não poder consertar tudo dói ainda mais.
Talvez seja porque isso prove o quanto estou longe de quem devo ser.  Mas acho mesmo que é porque eu tenha decepcionado a quem tanto queria bem.

Hoje, até amar dói.
Apenas porque sei que o amor não é suficiente para livrar-me de toda essa dor.

26 de dez. de 2013

Depois do Natal

Desmontei a árvore.
Guardei os presentes.
Apaguei as velas.


Mas Ele, a razão de todas as minhas festas e alegrias, permanece comigo!

24 de dez. de 2013

A noite em que a Esperança raiou


Naquela noite,
A brisa era suave.
O cansaço era sentido em cada parte do meu corpo,
E eu lutava bravamente contra o sono.
Sim, a noite prometia ser longa.
Os demais pastores desfrutavam da companhia uns dos outros com poucas palavras.
Esse era o momento que escolhíamos para ficarmos a sós com nós mesmos.
Com os nossos pensamentos,
Perguntas,
Aflições,
Lembranças,
E esperanças.

Vez ou outra alguém quebrava o silêncio.
Às vezes, rindo sozinho,
Às vezes, contando-nos baixinho algo de que havia se lembrado.
Como quando era pequeno e já acompanhava o pai nas vigílias da noite
Ou como naquela vez que saiu campina à fora,
Em busca de uma ovelha que escapou sorrateiramente.
Ríamos juntos,
Mas logo o silêncio voltava a se fazer presente,
Deixando que as palavras gritassem apenas por dentro.

O céu, que sempre víamos estrelado,
Nessa noite se apresentava imensamente escuro.
Não conseguiria explicar, mas apesar de tamanha escuridão
Sentia paz em minha alma e coração.
E, dessa vez, não era por saber que todo o rebanho estava seguro.

Foi então que vimos grande esplendor,
No céu aparecia um anjo do Senhor.
Ah, como nos enchemos de temor!

O que será que acontecia?
Seria esse o nosso fim?
Não! Percebemos que esse era o início da nossa vida,
E logo todo o temor se foi.

Grandes novas o anjo nos anunciou
Novas de alegria, para nós e todo o povo.
Na cidade de Davi, nasceu o Salvador,
Que é Cristo, o Senhor!

O menino, envolto em panos,
Estaria deitado numa simples manjedoura.
Era Ele quem tanto esperávamos,
Quem nos traria a paz verdadeira e duradoura.

Confirmando o que o anjo se dizia,
Uma multidão dos exércitos celestiais,
Tal que não poderíamos contar,
Apareceu a cantar:

“Glória a Deus nas alturas,
Paz na terra,
Boa vontade para com os homens”

Os anjos partiram,
Deixando no céu o silêncio
E no nosso coração, uma canção que continuou.
Já não tínhamos mais perguntas
Já não nos lembrávamos das nossas aflições.
Nosso desejo era partir o quanto antes para Belém,
E ver a Glória de Deus manifestada num menino.  

Sim, essa foi a noite em que a Esperança raiou!

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1:14


Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Isaías 9:6

*Desejo a todos um Feliz Natal.
Que transborde em cada coração gratidão e adoração ao Deus que se fez menino por amor.
Sim, Deus se fez carne e habitou entre nós!  Jesus, a Luz verdadeira que alumia a todo homem, é a nossa esperança! Aleluias*


(No texto, há trechos retirados do Evangelho de Lucas, cap. 2)

 Vídeo: O Primeiro Natal - A história do Natal contada por crianças

18 de dez. de 2013

Identidade




Enquanto sentimentos eram escondidos,
Enquanto as ações eram disfarçadas, até forçadas,
Muitas palavras bonitas eram ditas.

E assim, ele seguia.
Andando por aí, sempre atento em parecer ser.
E olha só, acabou não encontrando tempo para realmente ser quem desejava.
Sempre preocupado em causar uma boa impressão,
Nem percebeu que durante o caminho ia perdendo aqueles que um dia impressionou. 

Até que um dia, já não se reconhecia.
Olha só! Estava acreditando em suas próprias mentiras.
Percebeu que as aparências, palavras e ações enganam, mas não por muito tempo.

Foi então que decidiu se revelar.
Defeitos, os mais loucos sonhos, a timidez, os óculos.
Tudo aquilo que lhe restou, tudo aquilo que um dia foi.
Sabe, ele nem gostou muito do que viu.
Mas essa era a única forma de voltar a ser.
E quem sabe, voltar a ter aqueles que perdeu...


"Pois tudo o que está escondido será descoberto, e tudo o que está em segredo será conhecido." (Marcos 4:22)

"Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus." (João 3:21)

11 de dez. de 2013

A Resposta



Por onde eu olho, há mistério.
Contemplando as estrelas no infinito,
Ouvindo as batidas rápidas de um coração tão pequenininho,
Ou admirando a beleza de um pôr do sol. 

Por mais que já tenha provado a fé, há dúvidas.
Será que todo esse amor é mesmo para mim?
Que apesar de toda a tempestade, posso confiar?
Que em meio a todo o choro, a alegria virá com o amanhecer? 

Ainda que tenha encontrado muitas respostas, há perguntas.
Por que escolheste nos amar?
Como pudeste buscar quem rejeitou tamanho amor?
Como preferiste entregar Seu Filho em nome desse amor?

Mistérios que não posso desvendar,
Dúvidas que provam minha fé e esperança,
Respostas que nem sempre consigo compreender...  

Mas sei que chegará o dia que nada disso importará.
Estarei vivendo num lugar onde as perguntas não terão mais nenhum sentido
E com Aquele que sempre foi a única resposta necessária.

Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus
I Coríntios 2:5




 Música: Estou a Procurar - André Valadão

26 de out. de 2013

Os Bons Momentos do Dia




Às vezes me vejo como um robozinho. O despertador toca e inicia-se a jornada minimamente cronometrada. Um ritual com poucas variáveis: arrumar-se, tomar café, conferir a bolsa, devocional, carona até o ponto de ônibus.

E o dia vai seguindo assim, no seu próprio ritmo. Depois dele, vem o outro e quando se vê, a semana já passou. Mesmo que me esforce para incluir novidades no meu dia, a tal rotina acaba se tornando inevitável.

Então, o que me faz sentir que estou vivendo e não apenas passando por essa vida? Os momentos. Sim, aqueles momentos simples e maravilhosos que acontecem no meio dessa loucura do dia a dia.

Se eu paro para prestar atenção, percebo que o dia é recheado deles. Um e-mail de um amigo, um caso contado pelo meu pai, a comida caprichada feita pela mãe, ouvir uma boa música.

Já faz tempo que deixei de esperar grandes acontecimentos para estar feliz. É claro que o casamento de um amigo, a formatura da irmã e a tão planejada viagem são marcos na nossa história, que geram grandes expectativas de felicidade. Mas não são os únicos!

Cada dia tem sim o seu valor.
Um verdadeiro presente de Deus, prontinho para desfrutarmos.  
Saber decifrar isso fará toda a diferença.
Saber aproveitar e se maravilhar com os momentos tão simples e corriqueiros, fará com que sentimos a vida com toda a beleza que ela tem. 


*Texto meu também publicado em Blog Mais Viver Unimed Paulistana

4 de out. de 2013

Em Obras



Quem já passou por uma construção ou reforma de casa sabe o quanto trabalho dá. É preciso fazer um bom planejamento, investir recursos, dispor tempo, comprar produtos de qualidade e escolher bem as pessoas que farão o trabalho.

Às vezes, todo o processo de construção ou reforma leva mais tempo do que imaginávamos, mais gastos do que queríamos e mais paciência do que temos. Mas depois que o trabalho é finalizado, que satisfação! Pois é a nossa casa, o lugar para onde sempre podemos voltar depois de um dia ruim.

Sabe, a nossa vida pode ser comparada a uma casa. Primeiro, é preciso erguê-la sobre bases fortes, que são os nossos valores e aquilo em que acreditamos.

Depois, vamos construindo área por área, cômodo por cômodo. E todos eles merecem atenção e zelo. Se, por exemplo, você investe todo o seu tempo para construir o cômodo profissional, é bem provável que sua família se torne só um quartinho dos fundos, mofado, sem ventilação e sem vida. E isso, um dia ou outro, irá danificar todo o resto.

Mesmo quando a casa está pronta, não podemos achar que o trabalho acabou. Sempre há algo para melhorarmos aqui ou decorarmos ali. O cuidado é diário, pois se descuidarmos, as paredes descascam e ervas daninhas crescem.

Na vida, também é assim. Sempre há o que melhorar em nosso caráter, relacionamentos e em cada pequeno canto. E se isso não acontecer, nossa vida vai desmoronando sem sequer percebermos.

E como é importante cuidar da limpeza! Jogar fora todas as coisas que estão ocupando espaço, incomodando e que não têm nenhuma serventia. Mesmo que elas estejam escondidas ou disfarçadas, livrar-se delas é a atitude mais sábia. As mágoas e ressentimentos são algumas dessas coisas. Só quando as tirarmos da nossa “casa” é que teremos espaço para o perdão e o recomeço.

Bem, nossa vida, por mais simples que seja, pode se tornar um palácio. O nosso palácio. Desde que esteja constantemente em obras. Sendo construída, reformada, melhorada, expandida e decorada com flores, bons amigos e sonhos.

Eu estou em obras. E você?

*Texto meu também publicado em Mais Viver Unimed Paulistana

5 de set. de 2013

Entre Irmãos


Uma das implicâncias que tenho com meu irmão mais velho e sua esposa é sobre a decisão deles de terem um único filho. E sem medo de ser chata, repito: gente, meu sobrinho merece ter um irmão!

Ok, ok, sei que não deveria me intrometer nisso. Afinal, são eles que bancam as despesas e têm a responsabilidade de criar e educar um filho nesse “mundão”. Mas vez ou outra, mesmo que por brincadeira, volto no assunto. Quem sabe eles mudam de ideia e o Gabriel ganha um irmão, não é?

O principal motivo de eu querer tanto que meu sobrinho tenha um irmão, é justamente porque eu sou apaixonada pelos meus. Eles são presentes que sempre encherá meu coração de gratidão a Deus!

E olha que meus pais capricharam para valer! Dois meninos e duas meninas, e sem modéstia, todos lindos, inteligentes, responsáveis, gentis e… a lista é longa. Sou “irmã-coruja” assumida.

Temos muitas semelhanças entre nós, tanto na aparência quanto na personalidade, mas cada um tem seu jeito e seus dramas e isso faz com que tudo seja mais equilibrado e divertido na família.

Quando morávamos sob o mesmo teto havia muitas brigas, pirraças, manhas e até ameaças (vou contar para a mãe!). Tinha a disputa por ser o preferido, ter o melhor quarto, escolher o canal de televisão ou sentar na janela.

Mas havia também a cumplicidade, o companheirismo e a amizade, o que continuou à medida que fomos “crescendo” e seguindo pela vida.

Mesmo na fase em que cada um ficava no seu canto, o fato de saber que estávamos na mesma casa era reconfortante para mim. E quando chegou o momento dos mais velhos se casarem e terem suas próprias famílias, pareceu-me que, mais do que um quarto vazio, meu coração tinha um pedaço faltando! Muitas vezes de manhã ficava quietinha deitada na cama, achando que a qualquer momento iria ouvi-los andando pela casa e colocando em alto som músicas do Zé Geraldo.

Ainda sinto falta de quando todos estavam em casa, fazendo bagunça e a cada hora, uma turma de amigos entrando ou saindo. Mas por outro lado, ganhei cunhadas e sobrinhos que amo e que completam a felicidade da nossa família! E ver meus irmãos cuidando de seus próprios filhos com tanto amor, só faz com que meu orgulho e admiração aumentem mais.

Bem, meus irmãos mais velhos me “abandonaram”, mas tenho a caçula para me consolar. Apesar dos quase dez anos de diferença, ela se tornou minha melhor amiga. Passamos horas conversando sobre livros, seriados de televisão e sobre a vida. Saímos juntas e compartilhamos segredos, opiniões, roupas e perfumes. Incentivamos e tentamos realizar os sonhos uma da outra, como na vez em que a levei a um show de um monte de bandas coloridas só para ela poder ver o Fiuk, sua paixão adolescente do momento.

Sempre que há oportunidade de estar junto dos meus irmãos e irmã, aproveito. Pois qualquer que seja o tempo em que estou com eles, mesmo que seja breve como um almoço, uma carona ou um telefonema, é um tempo mais que especial.

Ter irmãos é assim. É ter amigos para qualquer hora, com os quais podemos contar em qualquer situação. Eles podem ser chatos, irritantes e até insuportáveis, mas como li em um dia desses, daríamos a vida por eles se assim fosse preciso. Falamos mal deles o quanto quisermos, mas ai de quem se atrever a concordar!

Temos o mesmo sangue, sobrenome, lembranças e levamos um pouco de nossos pais por onde andamos. E ficamos com aquela certeza de que fomos abençoados por nascer nesta e não naquela família.

E se você não tem um relacionamento tão maravilhoso assim com seus irmãos, se teve mágoas, crises e dores, tente perdoar. Os elos construídos ainda quando crianças terão força para renovar essa relação tão especial.



Texto meu também publicado no Blog Mais Viver Unimed Paulistana