1 de jan. de 2011

Pensamentos Intrusos



Pensamentos que desejo evitar chegam de mansinho
Pé ante pé, acomodam sem pedir licença
Então, me enchendo de coragem, os convido para se sentar
Dando-lhes permissão para sussurrar ou mesmo, gritar.
São pensamentos sobre o que plantei e colhi ao longo do ano
Sobre as sementes não vingadas
E sobre aquelas que nem joguei.

Os pensamentos mais agitados me dizem: Olhe para trás!
Imagens surgem, coloridas, cheia de vida e sorrisos
São lembranças de lugares visitados, momentos marcantes
Histórias ouvidas, vividas e emocionantes
Pessoas que cruzaram meu caminho e comigo quiseram caminhar
Pessoas que conheci e ajudaram a me conhecer melhor
Conquistas que nem esperava
Conquistas que só foram possíveis depois de muito lutar
Surpresas, sonhos realizados
Danças, lágrimas de alegria e risos, muitos risos.

Também aparecem imagens desfocadas, que tento não olhar, mas que insistem em se revelar. São memórias obscuras, cinzentas, assustadoras
Sentimentos guardados, às vezes desprezados
Pessoas magoadas, feridas não cicatrizadas
Explosões de raiva, tombos, decepções
Planos desfeitos, oportunidades perdidas
Sonhos esquecidos e palavras não ditas.

Coloridas ou cinzentas, as imagens estão lá: todas fazem parte de mim.
Algumas para acalentar meu coração
Outras para me recordar como a vida é imprevisível
E que por isso, tão bela e única.

Sussurrando, os pensamentos mais tímidos também se manifestam, dizendo:
Olhe para frente!
Eles especulam, tentam descobrir, imaginar o que virá...
Desejos, planos, objetivos para o novo ano
Sonhos são lembrados, alguns destrancados
Promessas são feitas, decisões tomadas
Expectativas, novas oportunidades
Esperanças renovadas, tantas possibilidades.
Mas o pensamento que mais temia, com muita ousadia, decide gritar:
O tempo é curto. O tempo é hoje. O tempo é agora.
Olhar para trás é saudade
Olhar para frente é indispensável
Olhar para agora é viver!
A terra da vida está pronta
Plante as boas sementes hoje 
No final da tarde a chuva virá e ao amanhecer, com alegria, contemple seus frutos.
Então, silêncio.
Todos os pensamentos, um a um, se levantam

De cabeça erguida se despedem com apenas um olhar
Certos de que ouvi suas vozes, sussurradas ou mesmo, gritadas.

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